Arquivo para junho \01\+00:00 2013

Insônia – Leitura Obrigatória.

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Insônia é legal. Acho que a gente deveria dormir menos, pensar mais em alternativas, aproveitar o tempo com coisas que deixam a vida com um pouco mais de sentido. Pensar nas artes é pensar em estéticas que nos proporcionam um dia a dia melhor. Cabe a nós mesmos pensar como isso pode acontecer de forma mais intensa. Ler é um prazer pra mim, mas tenho cada vez menos tempo livre pra me dedicar a leitura. Parece irônico, que as coisas que mais gostamos de fazer acabem sempre relegadas a terceiro, quarto plano… Já tentei fazer um cálculo somando afazeres diários, semanais e dividindo tudo o que eu quero ler e ver pelo tempo livre que me sobra… a conclusão é triste. Não vou conseguir ler todos os livros que eu compro ou ver todos os filmes que eu encontro na internet… Olhar para estante e vê-la sendo preenchida a cada impulso consumista de adquirir algo “novo”, e cada vez menos tempo pra leitura… é um drama. Será que a solução é dormir menos, trabalhar menos, se proporcionar mais?

Em termos artísticos o fator “se proporcionar mais”, pode ser visto como o momento da criação, o momento em que se tem a necessidade de dizer algo, e diz. Seja através de uma música, um poema, um filme, uma pintura… se proporcionar, pode ser escrever algo ou potencializar momentos estéticos de prazer. As “artes da semana” como diria Júpiter Maçã. O Timm fez isso e se proporcionou o livro Insônia. Mais do que se proporcionar o prazer da criação, da escrita em si, publicou e nos proporcionou a possibilidade da leitura.

Eventualmente consigo me desligar de tudo e me proporcionar uma viagem e consequentemente um tempo livre para pensar entre um trajeto e outro. Foi nesse contexto que aconteceu a leitura do livro Insônia lançado em 2011 por André Timm. Já deveria ter lido antes. É o livro de um amigo e me sentia na obrigação de ler. Já tinha começado a ler outras vezes mas sempre tinha algo furando a fila, uma nova obrigação de leitura em função das aulas, ou interesses que se modificavam aqui, um livro novo que chegava ali. Fui deixando. O livro é rápido de ler, mas justamente por ser fino, se perdia em meio a livros com a lombada quadrada.

Nas alturas, em cerca de três horas de vôo, uns solavancos, o vai e vem de aeromoças (hey aeromoças vamos lutar conosco!!!*) seriam perfeitos pra me distrair e viajar de duas formas legais.

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A premissa parece simples, “um prédio em que ninguém dorme, a insônia proporciona concretude aos sonhos mais estranhos”. Mas os contos tem interligações e situações interessantes que vão muito além dos números de apartamentos de um residencial qualquer que poderia ser em qualquer condomínio, num grande centro ou não. A leitura flui e isso é mérito do escritor que nos mantém presos a uma lógica que se constrói através de situações que se interligam com outras, para nos surpreender num momento seguinte. O legal é que a leitura leve, descontraída, hora engraçada, hora insólita. Amarras que o texto apresenta através de elementos circulares, que vão e voltam o tempo todo e vão alinhavando tudo de forma peculiar. E o legal é que, mesmo tendo essa simplicidade na leitura, o que parece simples se torna surpreendente quando vamos percebendo que tudo está interligado num contexto maior. Os textos não terminam em si e geram continuidade, e num estilo meio Decálogo do Kieslóvski, identificam a superfície deixando em segundo plano, “atuações” que no momento seguinte passam a ser superfícies, proporcionando uma imersão diferente com os acontecimentos e fatos presentes no livro. Parece simples quando se lê, mas complexo enquanto organização ao criar esses universos e interligar tudo.  Timm pontua tudo, mas deixa que cada leitor junte os pontos e como agente/leitor/interpretativo crie na história as suas imagens e sensações que fogem do aspecto da leitura das páginas do livro e se ramificam em outras mídias proporcionando ótimas surpresas. Sim, o livro extrapola a lógica de leitura textual, e muito mais do que sensações ou interpretações, vira uma fotografia, uma mensagem subliminar numa janela, um vídeo, alguns instantes diários antes do meio dia…

O saldo disso tudo, algumas poucas horas que me fizeram refletir e principalmente entender que as boas leituras podem estar em todas as partes. Olhar pra estante e pensar que devemos ler somente os autores consagrados, faz com que percamos novas experiências. E não vou nem entrar no mérito de, que o que é lançado hoje de forma despretensiosa, pode vir a se tornar grande aos olhares catedráticos da literatura. O importante é justamente perceber que esses autores desconhecidos nos proporcionam um pouco do seu ponto de vista. Acesse o livro e leia. Deveria ser obrigatório. Mas com prazer é mais legal.

Versão e-book na Amazon: 

http://www.amazon.com.br/Insônia-ebook/dp/B005C7UTB6/ref=sr_1_1?s=digital-text&ie=UTF8&qid=1365864708&sr=1-1&keywords=insônia

Versão física:

www.andretimm.com

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*citação obrigatória ao Plato Divorak