Quatro bandas. O primeiro dia da quarta edição do Floripa Noise. Um evento que vem consolidando Florianópolis no calendário dos grandes eventos/festivais de musica alternativa. E tem de tudo um pouco, artistas de diferentes estilos e partes do Brasil e da América Latina, com shows diários em diversos locais da cidade.
Célula
Antes de falar dos shows, é importante falar sobre o Célula. Bar que resiste bravamente, e com o passar dos anos vem se mostrando uma grande alternativa de espaço cultural em Florianópolis. A ultima vez que eu tinha ido ali foi num show da Mallu Magalhães (quando eu tinha uns 15 anos), e diga-se de passagem fui assaltado na saída… mas enfim… se antes o Célula era conhecido como o bar do Gastão da MTV, hoje o Célula virou um complexo cultural alternativo. É muito legal, ver que o espaço evoluiu e hoje, além da possibilidade de shows para 450 pessoas, ampliando para o dobro utilizando a parte de trás, esta organizado para receber pequenas apresentações de teatro, dança, filmes… e também conta hoje com duas salas de ensaio muito bem equipadas para atender as bandas e artistas em geral. Muito legal a iniciativa de um grupo de pessoas (Xuxu, Alexei, Marcinho, Bruno, Elke e Andrei) que assumiu o local e de forma profissional tem feito a coisa acontecer.
El Noventón y su Orquestra Típica
A noite começou com El Novénton que nada mais é do que o 90, + um baterista (Guilherme), e com um japonês (Kenzo) no baixo… um japonês no baixo??? Deve ser uma data cabalística. Duas bandas na mesma noite com um japonês no baixo. Não pode ser somente coincidência. O japonês em questão veio de Balneário que é perto de Blumenau, terra da Oktoberfest uma festa típica japone… enfim… eles abriram a noite esquentando as turbinas com uma surf music nervosa. O inicio foi muito bonito, 90 vai até o microfone e saúda o público: oi, de maneira singela e elegante. No show eles resgatam algumas canções do Cochabambas antiga banda do 90, que se mantém sempre bem humorado e com comentários engraçados e performance carismática até mesmo na hora de acionar a ala geriátricas dos punks velhos para entrar no clima.
Repolho
O show do Repolho é aquela coisa de sempre, meio quatro queijos meio calabresa. E olha, fazia tempo que eu não via tanta “menina fofa chacundum brega” num show do Repolho. Tantas razoes para se apaixonar…
Da nossa parte é legal de perceber o publico sempre carinhoso, demonstrando isso de varias maneiras, mas principalmente assumindo a colonagem cybernética. O Show foi lindo e com cheiro de bergamota (distribuídas para o publico), e diversos gritos de queremo roque!!!, queremo roque!!!,… e salame, Colônia Cela entre outros. Depois da noite de sábado, acredito que estamos conseguindo transformar Florianópolis num núcleo colonial importado dos alpes suínos.
Legal também é ver o publico se renovando. Pessoas que viram pela primeira vez, mas que já conheciam a banda. Pessoas que ouviam os discos, mas nunca tinham visto ao vivo e um comentário inusitado e propicio de um guri, dizendo que já viu shows melhores do Repolho, que esse, musicalmente tava muito certinho. E olha que a gente se esforça…
Tivemos a participação do 90 na guitarra e foi muito bacana, além de ser um ótimo músico, se encaixa perfeitamente na proposta musical da banda. Poderia ousar dizer que o 90 é um colono de capital. A sugestão de tocar Tyto Livi foi dele (fã convicto). Abrimos o show cantando “Memórias de um Certo Louco”, e o publico fazendo os paparapapara, paparapapara paparapapara ra ra.
O Melda
O Melda foi uma surpresa boa. A banda é um cara só com um i-pad, bases programadas de bateria, um capacete com chocalhos, uma guitarra retangular e uma performance impar. Aos poucos ele vai emendando um musica por dentro da outra. O Melda veio de Belo Horizonte especialmente para o evento. A dinâmica do show dele foi muito legal, porque terminou o show do Repolho, ele já estava posicionado no mezanino e deu inicio a sua curiosa apresentação. Pena que foi prejudicado por alguns pobremas técnicos no som. Mas mesmo assim, foi muito legal. Com uma performance divertida e letras legais ele vai mostrando ao publico o seu carisma. A musica do fusquinha ele usa muito bem a idéia da buzina de maneira divertida. Com a cabeça cheia de chacoalho ele vai preenchendo os espaços musicais.
Graforréia Xilarmônica
A Graforréia começou seu show de maneira caótica, eles vieram de um show em Passo Fundo e não deu pra passar o som, o inicio foi meio estranho e o som estava meio embolado (mais do que o normal). Marcelo Birck lembrou que dia 16 é o Bloomsday, feriado nacional na Irlanda (e também no mundo para os amantes da literatura) em função do livro Ulisses de James Joyce. “James Joyce escolheu o dia 16 de junho para ser imortalizado em sua obra porque foi nesse dia em que fez sexo pela primeira vez com sua futura companheira Nora Barnacle, à época uma jovem virgem de vinte anos, apesar de a imprensa irlandesa publicar que nesse dia eles “caminharam juntos” pela primeira vez. Na verdade, Nora teve medo de completar o coito e o masturbou “com os olhos de uma santa”, como Joyce relatou em uma carta em que relembrou o acontecido.( fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Bloomsday).
Aos poucos as coisas foram se acuierando e o público presente cantando um sucesso por dentro do outro até a explosão orgástica que é “Amigo Punk”. O publico entra num transe. Não tem explicação. Depois disso, o show vai se encaminhando para o final e vai ficando mesmo quem curte de verdade e uns bêbados tradicionais batendo o ponto e mantendo o pique do show até o final. Lógico que quando a Grafo toca e a gente (do Repolho) tá por perto, acaba subindo ao palco para fazer participações especiais não anunciadas, o Anderson cantou “Grito de Tarzan” e eu cantei a “Técnica do Baixo Elétrico”. Achei o show da Graforreia curto. Pra mim quem já viu muito show, inclusive as festas baile que eles tocavam quatro horas e la vai pedrada, uma hora de show é pouco e acaba ficando de fora muito música. Legal perceber que eles tem um publico muito bacana em Floripa e essa reunião histórica vai acontecendo de maneira muito legal. Assisti o primeiro show dessa nova leva (que aconteceu em Chapecó) e fica claro que eles estão cada vez mais a vontade fazendo que sabem fazer.
No evento, sempre é bom lembrar, reunimos diversos amigos que há muito não víamos, como o Julio Mendes que fez parte de uma das formações do Repolho. A gurizada da Vinil Filmes, que esta fazendo cobertura completa do evento para posteriormente lançar uma registro oficial, com direito a entrevistas e tudo.
Grande noite, grande shows. E a festa continua tem muito mais bandas no Floripa Noise até próximo sábado.
Acompanhe mais da programação aqui: http://www.floripanoise.com.br/
Aqui saíram alguns comentários sobre os shows, fotos e vídeos.
http://www.mundo47.com/repolho-fez-show-antologico-no-floripa-noise/