Arquivo para novembro \30\+00:00 2009

Dossiê “Let It Bleed”

Acesse e confira!!!

A burrice consiste em jogar contra.

Não tem mais volta. Todo mundo sabe disso. Até uma criança de 02 anos sabe que caiu na rede é peixe. Mas os donos da indústria do entretenimento insistem em prorrogar o inevitável: que o conhecimento e a cultura na internet nasceu para ser gratuita.

Desde que surgiu o Napster (primeiro caso oficial) compartilhando arquivos, a indústria tenta anular/processar/punir um sem numero de sites que compartilham informações culturais gratuitamente. Não se faz isso pra ganhar dinheiro, e sim para enriquecer culturalmente. Não tem como tentar impedir. Se proibir aqui surge algo ali e as coisas vão se ramificando e criando vida na internete. O proibido vai ser mais divertido sempre.

A cada semana algum site é ameaçado e no dia seguinte surgem novas alternativas. A mais recente é a tentativa de bloquear o conteúdo do site Mininova. E conforme o título deste post, a burrice consiste em jogar contra. Temos que pensar alternativas para lidar com isso tudo. Se a indústria quer ganhar dinheiro tem que encontrar soluções para lidar com isso tudo que se torna mais comum a cada dia. As novas gerações estão nascendo numa sociedade virtual livre e gratuita.

Na verdade a discussão é longa, mas não tenho muito mais a dizer. Abaixo alguns links que noticiaram o fato.

confira:

http://br-linux.org/2009/mininova-segue-ordem-de-corte-holandesa-e-exclui-boa-parte-dos-torrents-da-sua-busca/

http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia-tecnologia/site-de-torrents-mininova-encerra-suas-atividades-515102.shtml

http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,MUL1393658-6174,00-SITE+DE+TORRENTS+MININOVA+ENCERRA+SUAS+ATIVIDADES.html

O Tarantino é foda pra caralho!!!

Pronto falei. E nem foi tão difícil assim. Aproveitei o título do texto para me livrar desse problema. Assim me sinto mais confortável para comentar sobre o filme Inglorious Basterds, novo filme do Tarantino. Apesar do séqüito de seguidores, a cada lançamento seus filmes sempre geram polêmica. E com Inglórios Bastardos não é diferente. Nesse filme Tarantino resolveu cutucar a ferida com um tema que também sempre gera polêmicas. E o bacana é que, por mais que você pense que ele fez um filme de vingança dos judeus contra os nazistas, o propósito do filme não parece ser bem esse. Ele cria uma história fictícia a partir de um fato histórico. Mas se utiliza da liberdade criativa para criar uma ficção. E nessa ficção que talvez até tenha algo semelhante com a realidade, ele simplesmente imbeciliza todos os dois lados. Não perdoa ninguém. Na verdade é ele, o próprio Tarantino que te bate com o taco na cabeça ou tatua a sua marca a ferro e fogo na sua testa. Depois de sair dos cinemas tu nunca mais será mesma pessoa A história da segunda guerra nunca mais vai ser vista ou contada com os mesmos olhos. Inglórios Bastardos é um marco, antes de alguém se aventurar por estes caminhos vai ter que pensar muito a respeito. Pois bem vamos a algumas constatações. Ele é um grande roteirista e sabe muito bem criar e explorar diálogos envolventes e sensacionais. Isso já existia nos seus filmes anteriores. Mas ele sempre teve um “gosto duvidoso” para os metidos a cinéfilos de plantão. E muito questionando quando propunha estéticas de filmes B, de kung fu ou western spaghetti. Já na introdução, nas primeiras cenas do filme fica clara a referencia ao western, mas dessa vez realizado de forma muito interessante. Ele consegue criar instantes sublimes de pura inspiração cinematográfica numa introdução no mínimo perversa. Tempo perfeito, enquadramentos sensacionais em cenas memoráveis completada com atuações sensacionais e diálogos perfeito. Na verdade é difícil escolher somente uma cena, o filme inteiro é memorável. O filme inteiro é uma aula de cinema. Demonstrando toda a perspicácia e sensibilidade de Tarantino em realizar filmes. Fui ver numa sessão da meia noite e não pisquei o olho. O filme simplesmente te envolve. E quando tu acha que Tarantino já usou e abusou das perspectivas violentas, outro elemento sempre questionado em sua filmografia, ele te surpreende com possibilidades incríveis. Não tem como não se arrepiar ou então soltar uma gargalhada. Liberando todo o lado sádico do ser humano. Não tem como não se identificar com o Aldo The Apache (interpretado por Brad Pitt) em alguns momentos do filme ou então com o nazista caçador de judeus Hans Landa, brilhantemente interpretado pelo ator austríaco Christoph Waltz. A sua atuação merece todos os prêmios do mundo. Não que isso seja tão relevante. As melhores cenas acontecem a partir dele. Sua atuação é primorosa, cínica e perversa. Não podemos descartar as atuações femininas. Diane Kruger interpreta Bridget Von Hammersmark, uma atriz alemã que na verdade é uma agente infiltrada. E Mélanie Laurent que protagoniza a essência de uma vingança. A sua idéia é meio previsível enquanto perspectiva de vingança, mas a forma com que ela executa a sua idéia é muito foda. As cenas apesar de trágicas são muito bonitas e poéticas. Não vou falar muito sobre o roteiro. Vá aos cinemas e assista. Com certeza você passar algumas horas se divertido com o melhor cinema hollywodiano dos últimos tempos.

assista o trailer no youtube. http://www.youtube.com/watch?v=v4ug2PGniMM

Mas procure na internete que ja tem o filme em alta resolução para baixar e com legendas. Se possivel vá ver nos cinemas.

Natal em Chapecó é muito mais emocionante.

http://www.vimeo.com/7833650

Fico sem palavras quando eu vejo algo assim.

Comovente. Surpreendente. Impressionante. Lisérgico…

Crianças não tentem fazer isso em casa.

Resenha do disco que eu não ouvi.

Gosto de exercitar a minha imaginação escrevendo sobre coisas que eu não vi, não li ou não ouvi. Me sinto um jornalista quando faço essas coisas. Mas na verdade, com a qualidade da música brasileira apresentada recentemente os jornalistas é que estão certos em não gastar os seus ouvidos com tanta bobagem produzida.

Não anunciei no inicio para criar um certo suspense, mas eu estou me referindo ao novo disco dos Mutantes. Novo disco dos mutantes?!? Quem é que fez esse sacrilégio??? O Sérgio Dias. E sim o disco é um sacrilégio e não tem sentido dentro da proposta musical da banda. É perigoso brincar com os mortos. Mas na verdade essa situação não é nova, é a mesma situação que já aconteceu na década de 70 quando o Sérgio (olha ele aí de novo), resolveu continuar a banda e lançar alguns discos em nome da banda. Tudo bem errar uma vez e a gente até perdoa, mas duas vezes é foda.

Vamos as constatações.

Sempre achei o Sérgio Dias um baita músico. O melhor de todos. Mas o lado criativo sempre foi concebido pelo Arnaldo e talvez a Rita Lee. Essa é a minha visão dos Mutantes. E mais do que isso a época era propicia para o que eles faziam. A química entre eles é que proporcionava aos Mutantes, ser os Mutantes. E toda babação de ovo pra cima deles só comprova toda essa genialidade. Mas não é só isso. Os Mutantes eram um time. Que tinham uma cabeça (Arnaldo), uma frontman (Rita Lee), uma baita músico(Sérgio Dias) além dos três personagens principais, tinha o Dinho (bateria) Liminha (baixo) e mais o talento inegável do Cláudio dias Baptista (irmãos mais velho) que gerava um série de instrumentos e engenhocas musicais que propiciavam aos Mutantes uma sonoridade única. Sem esquecer do grande maestro Rogério Duprat em arranjos mirabolantes e sensacionais. Tudo isso é que gerou a banda mais genial de todos os tempos da musica brasileira. Poderia me referir a eles como uma entidade musical ou algo superior. E não seria exagero haja visto os cinco primeiros discos do grupo. Aí agora eu lhes pergunto.

Como reproduzir ou refazer esse bolo com apenas um dos ingredientes??? E a resposta é muito óbvia: impossível. Só o Sérgio Dias não percebeu isso e a resposta está aí e se chama Haih Or Amortecedor. É quase um cover de algo que um dia foi os Mutantes começando pelo título que sugere um isso ou aquilo como acontece na Divina Comédia ou Ando Meio Desligado. Chamou o Tom Zé pra compor junto (como já havia feito em 2001) chamou o Jorge Bem pra contribuir com uma canção(como já havia feito com a “Minha Menina”). As Fotos de Divulgação tentam sugerir aquelas produções geniais de fotografia que eles faziam na época e que aqui soa datado e meio sem sentido. E por fim montou uma banda extremamente técnica (mas não criativa) para reproduzir o que eram os Mutantes. Será que funciona??? E a resposta é simples e funcionou no palco, na intenção de reproduzir os discos. Tive a oportunidade de ver dois shows. E já comentei isso anteriormente acredito que o Sérgio foi muito esperto e colocou a prova toda sua sabedoria musical para proporcionar para os fãs um espetáculo único. Talvez um espetáculo que as pessoas na época dos Mutantes não tiveram a oportunidade de presenciar devido as precárias condições da época. E o legal desse show é que toda sonoridade da banda estava ali reproduzida de forma inacreditável e os shows foram um sucesso. Verdadeiras explosões de emoção e sensações. Confesso que me emocionei em vários momentos. Tudo ali foi muito bem pensado para reproduzir a genialidade dos discos. E a falta da Rita Lee nem era percebida já que (ate nisso o Sérgio pensou) colocou uma backing vocal para fazer a voz dela ao vivo. E hoje ele coloca alguém que tem o perfil da Rita Lee para assumir o papel que ate então foi totalmente mal interpretado pela Zélia Duncan, que nessa proposta não fedia nem cheirava. O brilho da presença do Sérgio e do Arnaldo ofuscava qualquer possibilidade de criar uma nova cara na banda.

E tudo isso agora tem o outro lado da moeda. Foi bom enquanto durou e deveria continuar assim, imaculado. Funcionou no show, mas não tinha como funcionar no disco. Haih Or Amortecedor é um disco que é legal. (lembrando que eu ainda não ouvi o disco) mas se fosse lançado com o nome de Sérgio Dias. Sim, porque ao colocar o nome Mutantes pesa a responsabilidade de ser tão genial quando os primeiros discos. Aí a produção do disco peca em muitas coisas. Falta a loucura, a época, o lado inventivo, provocativo, arrojado e sensacional que eram as propostas musicais dos Mutantes. Em troca disso sobrou o perfeccionismo musical do Sergio e que soa datado. Sim o disco é muito bem produzido, bem tocado, bem gravado. E talvez seja o melhor disco do Sérgio em carreira solo. Ouçam o disco, mas não como um disco dos Mutantes e sim como o disco do mutante Sérgio Dias. Eu uso essa abstração para ouvir os discos gravados por ele na década de setenta em nome dos Mutantes. E funciona. No mais era isso.

Resenha de alguém que ouviu o disco e também não gostou:

http://costeletasdoelvis.wordpress.com/2009/09/24/haih-or-amortecedor-os-mutantes/

SENSACIONAL!!!

Depois dizem que a gente é colono…

COLONO COLONO CO CO COLONO SEMO TUDO UNS COLONO!

 

 

Wander Wildner – AVENTURAS de um PUNKBREGA

Shows antológicos com sus Comancheros e vídeoclipes dirigidos por amigos estão reunidos em Aventuras de um Punkbrega, primeiro Dvd solo da carreira de Wander Wildner. O novo trabalho sai pelo selo Fora da Lei com distribuição nacional da Unimar Music.

 Mais informações no site www.wanderwildner.com.br  

 Shows de Lançamento

21 nov – Londrina/PR – Festival Demosul

25 nov – Porto Alegre /RS – Sargent Peppers Bar

26 nov – Novo Hamburgo/RS – Abbey Road Bar

27 nov – Paraiso do Norte/PR – Aniversário da Cidade

03 dez – Porto Alegre/RS – Live Sport Pub

05 dez – Porto Alegre/RS – Usina do Gasometro

12 dez – São Paulo/SP – Sesc Pompéia

14 dez – São Leopoldo/RS – Armazem San Lou

15 dez – Porto Alegre/RS – Zelig Bar

23 dez – Rio de Janeiro/RJ – Cine Iris

24 dez – Passo Fundo/RS – 7 Natal Q Seja Rock

30 dez – Goiania/GO – Bolshoi Pub

Lóki – Arnaldo Baptista

Assisti hoje (não bem hoje, mas tudo bem) o filme Loki do Arnaldo Baptista. Demorou e poderia demorar mais se não fossem as piratarias do bem que multiplicam-se pela internete levando o conhecimento aos mais distantes centros. Vou comprar o dvd, a caneca e a camiseta… Sou desse tipo de público que baixa as mais diversas referências mas ainda valoriza o original. Inclusive já aproveito para divulgar que o dvd está em pré-venda e vale a pena. Já que o som e imagem do arquivo que eu vi não é bom.

http://www.livrariacultura.com.br/scripts/banners/pag_especiais/2009/loki.asp?&sid=189717889111153972754525

Mas enfim… o importante disso tudo são as constatações. E que na verdade são simples e poderia resumir em uma frase: O filme é emocionante, sensacional e apresenta uma leitura muito interessante do que foi a vida do Arnaldo. É a trajetória desse músico que é simplesmente um dos maiores expoentes da musica brasileira de todos os tempos. Essa frase acima já demonstra o que é o filme. Se quiser ler além disso, vai encontrar uma série de observações de alguém que é fã, mas que tenta o máximo possível identificar e entender (sempre de forma isenta, se é que isso é possível) os momentos da melhor e maior banda de musica brasileira de todos os tempos. Sempre acompanhei a história dos Mutantes e já tinha lido muitas coisas a respeito e escrito alguns textos sobre. Mas este filme foi fundamental para esclarecer uma série de fatos e situações que antes geravam lacunas. Não titubeio em dizer que o filme é um grande registro de uma vida. Que teve o seu momento genial enquanto criação musical com os Mutantes. O período mais introspectivo nos discos solos. O acontecimento catastrófico que coloca em prova a existência humana. Algo perto do fim. O renascimento sempre acompanhado pela Lucinha (apontados por muitos como o anjo da guarda que pousou suas asas e existência ao lado de Arnaldo e dali nunca mais saiu). O retorno triunfal quando Arnaldo sai do sitio em que viveu durante 20 anos e percebe os frutos daquilo que foi plantado muitos anos antes com o reconhecimento mundial. Sem frescura ou ressentimentos é assim quem deveria ser. Mas nem sempre é assim e o lado polêmico continua sendo a Rita Lee e a separação dos Mutantes. Todo o sentimento de amor e ódio estão presentes. A vida do Arnaldo é uma história bonita, genial e trágica e talvez seja mais bonita porque o cerne dessa história toda é o amor. O mesmo amor que une e que é legal, mas que maltrata e é cruel. Se esse filme fosse feito em outra época, com certeza o final não seria esse. E isso é interessante de perceber que o final é feliz. Mesmo que não tenha acabado. E talvez todos esses elementos presentes de forma tão intensa e sublime é o que qualquer escritor jamais ousaria sonhar. Resolvi comentar em tópicos porque fica mais fácil. E vamos começar justamente pelo mais polêmico.

1. Rita Lee

Em primeiro lugar ela não quis participar do documentário e durante muito tempo não quis participar de nada relacionado ao nome Mutantes (muito menos a volta do grupo em 2004). Certa vez eu conversava com um músico ligado diretamente com tudo isso que aconteceu, e que não vou citar o nome até porque esse comentário foi feito em off. A sua constatação é muito interessante e que acaba se juntando com outras peças do quebra cabeças. Ele disse (não necessariamente com essas palavras): É lógico que a Rita não fala sobre os Mutantes, se ela assumir que os Mutantes é tudo isso que o mundo descobriu na década de 90. Ela joga toda carreira dela pós mutantes no lixo. Justamente por concordar que aquele momento é que era genial. Essa fala pra mim resume a Rita Lee. Alguém que trocou uma possibilidade genial por algo mais pop e consumível, ou seja o sucesso que ela acabou alcançando nos anos seguintes. A Rita Lee sempre buscou o sucesso ao qualquer custo. É que diz a letra da música “Sucesso, Aqui Vou Eu” do disco Build Up, primeiro disco solo da Rita Lee. A letra diz: Já estou até vendo, Meu nome brilhando. E o mundo aplaudindo ao me ver cantar, ao me ver passar, I wanna be a star! Lembrando que esse disco foi lançado quando ela ainda fazia parte dos Mutantes. Um jogo da gravadora de promover aquela que para eles era a essência da banda. E a mídia/imprensa burra da época (não só da época porque a mídia/imprensa é burra em todas as épocas) comprou a idéia e durante muito tempo os Mutantes forma conhecidos como a banda da Rita Lee. Outro aspecto que o filme Lóki faz questão de desmistificar. No filme fica claro (a partir dos depoimentos de todos os integrantes) que aquele papo da Rita Lee ter sida expulsa dos Mutantes não era real. Todos os integrantes dizem no filme que ela chegou numa das reuniões do grupo na Cantareira onde eles moravam e falou em alto e bom tom: “Estou saindo dos Mutantes”. Quem traduz isso de uma forma até meio sarcástica no filme é o Sergio Dias: ele se pronuncia dizendo que a Rita Lee gosta de distorcer as coisas para deixar a história mais interessante. E que o mundo de fantasia e personagens que ela cria é para não deixar o mundo tão chato. Nesse sentido era mais romântico dizer que ela foi expulsa. Talvez isso refletisse um sentimento. Mas a Rita Lee já tinha dois discos solos na época. O que acaba ser conveniente fechar os olhos e simplesmente criar uma desculpa para continuar aquilo tudo de uma outra forma Também concordo que na verdade foram muitos os motivos. Não é somente uma coisa que motiva as pessoas a tomar decisões e sim um conjunto de fatores. Tinha o lance do rock progressivo em voga dentro da banda e exigindo um lado musical mais expressivo de alguém que nunca teve isso. O estado obsessivo do Arnaldo que motivou a rita Lee Interna-lo num momento seguinte. O fato dela perceber que não era mais o centro das atenções. O fim do casamento com o Arnaldo. Tudo isso deve ter gerado a sensação de: vou sair antes que me toquem embora. Isso também aparece num depoimento do Arnaldo. Ali ele diz que a Rita Lee sempre foi voltado ao lado mais circense da banda (expressão utilizada pelo Arnaldo no documentário para descrever a Rita Lee). Ou seja do visual e das performances. Vendo o documentário fica claro perceber que o filme é uma baita homenagem ao mentor disso tudo que foram os Mutantes. E com certeza esse é o reconhecimento que a Rita Lee – titia/avó do rock brasileiro (como gosta de se intitular) não vai ver. Não dessa forma espontânea e não com essa intensidade. No livro a Divina Comédia o Carlos Calado, ele coloca que o fim dos Mutantes se deu quando aconteceu o fim do casamento dos dois. Tanto que, quando o Arnaldo se joga da janela do hospital ele acaba de certa forma presenteando a Rita Lee pois o fato aconteceu no dia do aniversário dela. Da parte do Arnaldo é que como se ele estivesse sepultando-a de vez. Enterrando todos os seus fantasmas. E como ele mesmo diz no documentário: Escolhi esse dia para terminar com aquilo que a Rita Lee começou. Levando em conta que foi ela que internou ele a primeira vez e todos os outros elementos presentes num relação tão intensa como foi o relacionamento dos dois. Na reunião dos Mutantes ela se referiu ao grupo como uma banda de velhos querendo ganhar dinheiro para pagar o geriatra. Sim é engraçada a constatação. E acredito que seja um pouco isso também. Mas quem é a Rita Lee que sempre foi pop vendida pra tudo que é tendência musical (fazendo trilhazinha para novela das sete) criticando alguém que tenta sobreviver com a sua obra. E que obra diga-se de passagem.

2. A genialidade do Arnaldo

A genialidade e influência do Arnaldo/Mutantes é outra coisa que fica comprovada no filme. Primeiro no depoimento de quase todos os integrantes das bandas que Arnaldo participou. Sérgio diz que nos Mutantes, tudo era decidido a partir do ponto de vista dele e que tudo acabava funcionando a partir do voto decisivo do Arnaldo. Ele era o cabaça da banda e tudo acontecia a partir dele. Desde as composições, arranjos e rumos que o grupo tomava. Isso é ressaltado pelo Rogério Duprat, liminha, dinho entre outros que conviveram com eles no período. Isso que eu identifico como genialidade é fácil de perceber pela sobriedade nos depoimentos dele em relação ao que estava acontecendo. Ele tinha consciência plena do que estava fazendo. Tem dois momentos que isso acontece através de entrevistas da época. Uma delas acompanhando o Gilberto Gil ainda no inicio de carreira quando eles iam tocar Domingo no Parque no festival. O repórter pergunta se ele estava surpreso. E ele diz que não. Que era isso que eles tinham planejado e que era isso que eles esperavam. O repórter ri como se dissesse, mas que pretensioso e depois o Gil explica. Num segundo momento um repórter entrevista Arnaldo sobre o Patrulha do Espaço. E ele diz que aquilo não é uma continuidade dos Mutantes, que os Mutantes eram únicos. E que o que ele estava fazendo com o Patrulha era mais simples, reto e rítmico enquanto que os Mutantes eram mais harmônicos, melodiosos e com estruturas musicais mais complexas. Outro elemento que eu já destacava nas minhas observações (em conversas, textos e afins). De que o melhor disco de rock da década de 70, dessa leva de bandas que insistiam em copiar de forma básica (e muitas vezes mal feita) o que acontecia fora do país, é o primeiro disco do Patrulha do Espaço. O disco inteiro foi composto pelo Arnaldo. Arnaldo e a sua genialidade em projetar desde as composições mais complexas até as possibilidades mais simples e faz isso de uma forma genial nesse disco. O disco não foi lançado na época que foi gravado e isso foi ruim. Aposto que se o “Elo Perdido”, tivesse sido lançado teria sido um choque e as pessoas iriam perceber que ele estava um degrau acima de tudo aquilo que acontecia no final da década de setenta. Enfim… não tem como saber. É só um palpite. Gostaria ainda de destacar essa sensibilidade ao extremo que o Arnaldo possui. É isso que faz o cara ser um gênio, mas que também faz que com o seu lado incompreendido venha a tona de maneiras inusitadas. É a mesma sensibilidade que projeta coisas sensacionais, em muitos momentos destrói o cara. Seja por um grilo falante que atormenta seus pensamentos mais profundos ou pela falta de referencias que faz com que as pessoas simplesmente não entendam o que esta acontecendo. Aí sim o caminho mais fácil é utilizado e junto com ele vem todo peso da ignorância e do preconceito. Ele diz isso no final do filme. Eu sempre quis dizer X para que as pessoas entendessem X, mas não foi isso que aconteceu. E o Sérgio diz isso num dos momentos em que ele comenta que os estúpidos de plantão não entenderam. É mais fácil rotular de louco aquilo que não é compreendido. Mais louco é quem me diz e não é feliz.

3. As drogas e a comparação com Syd Barrett.

Nunca fui partidário da idéia de que eram as drogas que potencializavam a criatividade. Talvez ajudassem num primeiro momento a libertar algo. Mas algo que aos poucos ia morrendo junto com a pessoa. Recentemente li um livro sobre os Beatles que justifica o fim da banda dizendo que depois que eles se envolveram com acido se tornaram pessoas tristes, com olhar perdido e vazias. Nunca tinha lido nada nesse sentido. Mas sempre acreditei que isso poderia ser um fim. Casos comuns e tradicionais dentro da música e aí se encontram todas as pessoas que sucumbiram a realidade e optaram pelo caminho das drogas. Um caminho sem volta na maioria dos casos. As principais comparações talvez sejam justamente Brian Wilson e Sid Barrett. E nesse documentário é interessante perceber que o Arnaldo estava indo pára o mesmo caminho. Um caminho insano e descontrolado onde a realidade se fundia com elementos reais e tudo virava psicodelia. Sempre achei essa teoria meio furada em relação ao Arnaldo. Mas o filme confirma isso. Se ele não tivesse se atirado do terceiro andar. Hoje ele seria uma pessoa triste. A queda foi essencial para o renascimento. A morte do mito e o ressurgimento do ser humano. Sim já fiquei muito triste de ver a situação ou pensar nesse tipo de situação. Certa vez trabalhava num programa de Tv e tive a oportunidade de entrevistar pessoas com deficiência mental (tem um nome politicamente correto que eles usam para defini-los, mas não me lembro). E a minha apreensão num primeiro momento resultou numa explosão de sentimentos no momento seguinte. Eles são criaturas sensacionais. Com uma energia e luz que não tem explicação. E se tivesse uma explicação, talvez seria de que eles vão ser crianças para sempre. Eles nunca vão envelhecer. Vão manter a ingenuidade eterna de quem não esta aí para as coisas que fazem parte do mundo adulto. E sendo bem sincero. O Arnaldo se tornou uma eterna criança. Ao cair com a cabeça no estacionamento. Ele deixou ali tudo o que ele tinha de ruim e potencializou tudo o que ele tem de bom. Ele é uma luz. A vivacidade e emoção que ele passa pras pessoas é indescritível. Nesse caso talvez seja conveniente usar a expressão: deus escreve certo por linhas tortas.

4. Lucinha – por último, mas não menos importante.

Também é notória a intervenção da Lucinha na vida do Arnaldo. Isso todo mundo sabe, mas os seus depoimentos são emocionantes. Ela mesmo, diz no documentário que todo mundo abandonou o Arnaldo e ela foi lá juntou os pedaços. As mil peças que se transformou a cabeça do Arnaldo depois da queda. Ela ajudou a reconstruí-lo novamente. Já tive a oportunidade de agradecer quando a encontrei pessoalmente. O que ela fez pelo Arnaldo é algo sublime e inimaginável. Qualquer outra pessoa ia fazer o que todo mundo que estava ao ser redor fez. Ninguém quer um peso na sua vida. E pelos indícios ele já era um peso antes de se jogar do terceiro andar no hospital, imagina depois. Mas pelo contrário, Lucinha cuidou dele nos momentos mais difíceis. Momentos em que as pessoas não queriam ver ou chegar perto. Ela estava lá firme e forte e como o próprio filme diz devolvendo ao Arnaldo tudo o que ele tinha lhe proporcionado em termos musicais. E aí é que está a diferença do que você projeta nas pessoas. O John Lennon foi assassinado por um fã que se sentiu traído. A Lucinha que era fã de Arnaldo ajudou-o a renascer. Assistam o filme. Esta saindo em DVD e em breve estará em todas as locadoras.

5. Lóki – Dvd oficial

 

Ainda não tinha postado o texto no blog e acabou de chegar o DVD oficial do Lóki e uma camiseta. Vale a pena assistir com a imagem e som melhor. E além do que, vem um making of com algumas imagens inéditas. É curto são somente 17 minutos. Poderia ter mais algumas coisa. Tem uma sessão de fotos com quadros pintados pelo Arnaldo. E no dia 28 de novembro. Dia do lançamento oficial do filme em dvd Arnaldo estará na Livraria Cultura em São Paulo autografando o dvd.

Clique aqui para comprar o DVD:

http://www.livrariacultura.com.br/scripts/videos/resenha/resenha.asp?nitem=2941703&sid=87209120911111372845803311&k5=B6ECE74&uid=

Site oficial: http://www.arnaldobaptista.com.br/

Compre os discos do Arnaldo em vinil:

http://www.baratosafins.com.br/arnaldo.html

 

Entrevista com os Irmãos Panarotto no site os Armênios:

confira aqui as bobag… err… a entrevista:
 
e o disco segue disponível para download:
 
os armênios
 

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