Arquivo para dezembro \22\+00:00 2012

Lourenço Mutarelli – Crowdfunding – Bar – Sketchbooks

Entender e sentir são complementares. Um sobrevive em função do outro. Não precisa necessariamente explicar. Pode representar ou então transformar isso tudo de maneira abstrata. É assim que introduzo o texto que fala de sensações e “tenta” desvendar um pouco de cabeça genial que é Lourenço Mutarelli.

Mutarelli

Participei do Crowdfunding promovido pela Editora Pop para publicação dos Sketchbooks do Mutarelli. Achei muito digno por parte da Editora de disponibilizar a verve criativa do Mutarelli. Ter a possibilidade do acesso aos rascunhos, embriões em desenvolvimentos, sêmen, ideias… E a publicação final faz jus a tudo isso. O resultado é surpreendente. Não tem como não querer ter acesso a isso tudo. O Sketchbooks são o Espelho do Mutarelli. A exemplo do filme O Espelho do Tarkovski que reflete o diretor. Os Sketchbooks refletem o Mutarelli. Desnudo, puro, direto, incisivo. É a plenitude de um trabalho, reflexo de uma obra sensacional. A obra que sempre tivemos acesso e que se mostra imponente, áspera, rude, hora agressiva, hora irônica as vezes sarcástica, nos traços experimentais aparecem mais viscerais. Os Sketchbooks refletem o melhor do seu trabalho. Mutarelli se refere a essa publicação como as melhores coisas que ele já fez na vida. Tenho minhas preferências, mas não tem como não sacar a importância desse material. É explosivo. Indispensável. Sensações em estado bruto. Você mergulha a cada pagina, nesse universo insano onde o ser humano reflete a essência do mal. Seja através das palavras ou do desenho propriamente dito. É intenso. Não tem como não se impressionar. Não tem como passar despercebido e não tem com não sentir algo diferente. É uma “droga” que te possibilita percepções diferenciadas desse mundo insano que vivemos e de nós mesmos. Não faz mal. Pelo contrario, faz com que nos sintamos vivos, pulsantes e corajosos para enfrentar tudo isso. A leitura flui, os desenhos enchem os olhos e proporcionam explosões estéticas. Novas sensações que se misturam num redemoinho de possibilidades. Se você não conhece a obra do Mutarelli, talvez os Sketchbooks não sejam um bom começo. A minha dica é, comece lendo tudo e depois desfrute os Sketchbooks. Se conhece a obra não tenha medo. O Mutarelli tem cara feia, e parece meio mal encarado, mas é um doce de pessoa ao vivo.

Voltando no tempo: Tinha um item no Crowdfunding que dizia: contribuindo com tal valor, você receberá todo o restante mais a participação no bar com Mutarelli. Que legal pensei. Seria ótimo. É, seria!* Moro em Chapecó o encontro seria em são Paulo. Poderia me organizar pra ir. Seria ótimo. É, seria!* Pensei diversas vezes e depois liguei um foda-se e resolvi contribuir da mesma forma porque acreditei no projeto e principalmente porque que o Mutarelli ao meu entender, é um dos grande cérebros pensante do cenário artístico nacional. E tenho muitas convicções sobre isso. Ter a oportunidade de trocar uma ideia e entender melhor algumas coisas pra mim se faziam quase necessárias.

O projeto foi finalizado e a data do encontro anunciada: 17 de dezembro. Coincidiu num período do ano bem corrido, mas não poderia deixar de comparecer. Pensei em todas as possibilidades e o coração disparou, a mente idem. Não podia perder isso. E lá fui eu pra São Paulo com a mochila cheia de livros para pegar autógrafos. Pensei, puta merda que chato. Vitima do reflexo dos tempos, não basta ver o artista, tirar uma foto, pegar um autógrafo, arrancar os cabelos, mas tem que sempre querer levar um pedaço do artista pra casa.

mutarelli e roberto

Cheguei no bar um pouco atrasado. Estava vendo o Hobbit – (sensacional diga-se de passagem) entrei no bar e logo identifiquei aquela figura sentada na mesa. A receptividade não podia ser melhor. Ele de cara me perguntou:

(abaixo uma transcrição mezzo verídica mezzo calabresa do que teria sido essa conversa inicial)

Mutarelli – Você que veio de Chapecó???

Roberto – É, não podia perder esse encontro.

Mutarelli – Não acreditei que você veio de tão longe para me ver. Daí achei que devia trazer um presente especial pra ti.

E me deu um quadro dele com uma pintura original.

Ele continuou falando: É uma imagem que está no livro: O Dia Que Meu Pai Encontrou Um ET Fazia Um Tempo Quente…

Peguei o presente em mãos e fiquei estático. Parecia que ia derreter. As pessoas que me conhecem sabem que eu não gosto de receber presente. Não pelo fato do presente em si, mas pelo momento em que a minha timidez (que eu geralmente consigo disfarçar bem) aparece de maneira muito intensa. Pensei alto:

Roberto pensando alto – Meu deus que foda!!! Baita presente, e eu vim com a mochila cheia de livros pra pedir autógrafo, mas agora fico até sem jeito de pedir.

Ele disse gentilmente:

Mutarelli gentilmente – Não tem problema. Já estou acostumado com isso. Me dê os livros aqui que eu vou autografando enquanto a gente vai conversando , bebendo e comendo.

Sai a sensação e volta ao racional (talvez nem tanto assim):

Júlia!!! Júlia!!! Júlia!!!

Que porra do caralho!!! WTF!?! Estava ali num bar em são Paulo sentado ao lado do Mutarelli, comendo bolinho de bacalhau, tomando água mineral e conversando.

Iniciamos uma conversa informal que foi ficando cada vez mais descontraída.  E foi assim o tempo todo, falando sobre música, cinema, família, filhos, pai, esposa, processos criativos, referencias, participações dele no cinema, tarô, piadas, historias…

O saldo disso tudo. Confirmo o quão importante é esse tipo de postura artística nos tempos atuais. O Mutarelli em pessoa é o oposto da sua obra. Se nela tu percebe vários elementos provocativos, agressivos, violentos etc etc. no ser humano você vê a essência do bem traduzida em carne e osso. Ele é uma figura. Divertido, brincalhão, sensivelmente, educado e por aí vai. E depois de já achar genial o texto, desenhos e a obra como um todo, encontro por detrás daquilo tudo um artista sensacional e um ser humano incrível. Profundo no seu texto, abissal nas suas ilustrações, mas ao mesmo tempo, de uma simplicidade e gentileza indescritíveis.

Nesses momentos é que percebemos o verdadeiro valor da coleção de sentimentos que vamos acumulando em vida e que queremos levar para a “vida eterna”.  (incluo na lista de sensações o show do Arnaldo, e o filme Liv e Ingmar que eu escrevo aqui – Liv e Ingmar  e aqui – Arnaldo Baptista).

Agradeço aqui aos que apoiaram o projeto e ajudaram a viabilizar esses sentimentos coletivos, os que estiveram presentes no bar, e os que apoiaram da forma que lhes foram mais conveniente. E também ao Cezar e Roger, da Editora POP, pelo carinho e respeito com a obra do Mutarelli.

*Citação ao Sanduíche do Jorge furtado.

Liv e Ingmar. Uma História de Amor.

foto(3)

Num intervalo entre uma coisa e outra. Resolvi ir ver o filme. Já tinha ouvido falar, mas não tinha muita referencia do que seria e como seria este filme. No inicio pensei se tratar de uma dramatização da história de amor de dois ícones do cinema, mas é um Documentário (ou muito mais do que isso).

Ele: INGMAR BERGMAN.

Ela: LIV ULMANN.

Ele. Mestre sueco do cinema mundial. Estética. Abismos verticais que tentam a todo custo desvendar a essência do ser humano. Imagens. Mais imagens. Silêncio. Portais que se abrem a partir do vazio existencial retratado de forma incrível.

Ela. Atriz de seus filmes. Incrivelmente linda. Inacreditavelmente talentosa. Mulher. Esposa. Amiga.

O filme é um documentário. Não um simples documentário. Uma possibilidade de adentrarmos numa historia de amor (O Love story do título). Linda. Comovente. Eterna.

Ela. Desvenda os segredos através de depoimentos. Falas sensacionais. Poesia visual. Sentimento. Respeito. Devoção a ele e ao cinema. Nos conta a história. A Sua história. Reverencia o mestre. O pai. O amigo. O eterno amante.

Ele. Se faz presente em essência. Nas cenas dos filmes. Imagens de bastidores. Objetos. Cartas. Fotografias.

O filme: Simples. Profundo. O diretor DHEERAJ AKOLKAR conseguiu captar a essência dos dois e transmitir de maneira genial para película. A premissa é simples. Em depoimento Liv Ulmann relembra os momentos com Ingmar Bergman falecido em 2007. Abre as portas de suas lembranças dos 42 anos que conviveu com ele e traduz a essência de um dos cineastas mais geniais de todos os tempos. Durante esses 42 anos Liv esteve casada com Bergman por apenas 5 anos. Mesmo separados tornaram-se grandes amigos. Bergman se referia a ela como o seu Stradivarius. Uma declaração de amor. Quando ela fala disso, seus olhos se enchem de lágrimas.

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As sensações estéticas estão ali. Seja através de imagens da casa na praia (a Ilha de Fårö ), onde Bergman morava (e cenário de seus filmes – Persona),  imagens de bastidores, ou cenas de seus filmes, fotos, cartas, diversos momentos. Recortes de uma vida que intercalam momentos de pura poesia.

A fala da Liv é solta, divertida, poética. O olhar revela a alegria, tristeza, saudade… A maneira como ela relembra as coisas e pontua o amor dos dois é algo sensacional. Ela fala do diretor, do homem, do pai, do marido do amigo. Não poupa elogios e criticas. Relembra tudo com uma elegância presente nos momentos bons, ou ruins, crises etc. Uma história de amor verdadeira. Como todas as histórias de amor verdadeiras deveriam ser.

Confira o Trailer aqui:

Arnaldo Baptista. Se existe lógica na sensação, ela se chama Arnaldo Baptista.

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Ver o Arnaldo é algo que não tem explicação. São sensações e mais sensações. Esse ano ele resolveu fazer o seu sarau, um Sarau –  arnaldiano – o Benedito. É difícil explicar, tem que ir ver!!! O show esteve em diversas capitais e a lógica é simples: uma decoração minimalista, um piano de cauda e o Arnaldo. Precisa mais??? A dinâmica é criar um espaço para que o Arnaldo possa ser o Arnaldo. Não o Arnaldo jovem, bonito e talentoso do tempo dos Mutantes, mas o Arnaldo que evoca tudo isso e hoje se transformou num mito genial. Uma luz de alegria e energia positiva que ele se transformou com o passar dos anos. A presença física é algo indescritível. É mágico ver ele emanar tanta energia para o público. A receptividade é recíproca. O público reage a cada acorde, a cada gesto, sorriso ou careta…

Não importa muito como as coisas acontecem. Todos que estão lá sabem quem é o Arnaldo. Se não sabem, deveriam saber. Deveriam procurar entender. E a lógica ali é o sentimento em estado bruto. É o tipo de show que não dá pra levar pra casa. As pessoas se preocupam em filmar e fotografar tudo. É um hábito estranho. E tenho costume de compactuar com esse hábito. Pra mim funciona como um ótimo auxilio a memória (ou a falta dela). Mas nada se explica o fato de que a presença física ali é que faz toda a diferença. Parece idiota dizer isso. Porque show sem presença física… mas no caso do Arnaldo isso faz um sentido imenso. Você pode até gravar e tentar assistir depois. Mas não é essa a lógica. O Arnaldo transcendeu em vida e colhe os frutos da admiração do público para com ele.

Ao meu entender (uso sempre esse elemento comparativo) ele voltou a ser uma criança, é isso que vemos no palco. Desenhos espontâneos e criativos, com sacadas que são pequenas traquinagens de uma mente que se desligou de tudo e preservou o que a vida tem de bom, a simplicidade. Simplicidade na forma de se apresentar, na hora de tocar, de cantar, de gesticular. Ele se solta. Solta a voz e se delicia com tudo. Se ele emana essa luz para o público, o público responde de forma calorosa. Com aplausos, carinho e respeito. Digno do maior de todos os artistas que a música brasileira já teve.

Já ouvi comentários negativos. Sempre tem os que não entendem, e não percebem que não é pra entender, é pra sentir. Não dá pra olhar com maldade uma coisa tão pura, ingênua, sensível. E tudo isso se reflete a cada gesto, a cada desafinada ou nota errada, caretas ou sorrisos. Ele brinca com tudo aquilo. A impressão é que ele esta ali sozinho, cantando sozinho… se divertindo. Trazer essa intimidade e compartilhar com o público não é pra qualquer artista. É o ARNALDO DIAS BAPTISTA. E legal que esse reconhecimento veio em vida.

A Lucinha – O anjo guardião!

Sempre que eu posso, agradeço por tudo o que ela fez pelo Arnaldo, e consequentemente pela legião de fãs do Arnaldo. Estava sentado numa das ultimas fileiras e de repente olhei pro lado e identifiquei a Lucinha sentada, numa poltrona observando o show. Era perceptível a admiração, respeito e cumplicidade. Não tem explicação. É emocionante e comovente. Uma linda história de amor. Nós, público. Meros mortais. Só podemos agradecer. Obrigado mais uma vez Lucinha!.

Agradecimentos especiais ao Giovanni Paim e a Sônia Maia.

Repolho e Mordida em Curitiba – DEZ/2012

Foi. Estivemos Tocando em Curitiba no ultimo dia 16 de dezembro com a banda Mordida no Bar Blues Velvet.

A tarde participamos do programa da Tv Transamérica – Entrevista com a Banda Repolho

A noite, aquela coisa de sempre. O Mordida abriu a festa.

Maluca

Um Delete

O Repolho encerrou a bagunça. Com direito a presenças de vários amigos,  participações do Paulo Hde Nadal (Girino) no Baixo, Michel Marcon (Red Tomatoes) no Baixo. Ex-baixistas do Repolho. Foi uma festa linda.

Adriana

Carla Fernanda

Memórias de Uma Certa Escolha

Falei aqui do projeto:

https://acb2.wordpress.com/2012/10/16/repolho-x-tyto-livi-grupo-nozes-x-epopeia/

Aqui está o resultado:

Agradecemos a oportunidade de estarmos participando disso tudo. E principalmente por este baita registro. Sempre referenciamos os cantores (artistas ou bandas) que tinham trabalhos autorais em Chapecó na década de 70 e 80. Achava legal ver show cover, mas sentia que a verve toda estava no momento da criação, o momento em que podemos compartilhar com as outras pessoas um pouco de nós mesmos. O Repolho é isso (goste ou não) uma banda que tenta compartilhar com as pessoas essa coisa do “clock” como diria Plato Divorak. O projeto é do Augusto Zeizer, acadêmico do Curso de Jornalismo e graças a este projeto agora concluído, devidamente graduado. Mais uma vez parabéns pela ideia, iniciativa, determinação ao reunir toda essa galera. O resultado esta aí. Valeu Eduardo!!!

Tonho Crocco. Dalla – Chapecó SC.

Era quase uma hora da manhã e as mesas na Dalla Microcervejaria ainda não estavam ocupadas. Essas movimentações do público acabam sendo sempre imprevisíveis. Numa noite com um calor dos infernos, e duas (três) outras festas acontecendo em torno… fica difícil entender aonde o público vai e como ele se comporta. Na verdade já deixei de tentar entender isso há um bom tempo… Aproveitamos o prefácio de tempo disponibilizado pela falta de público para bater um papo e continuar as conversas iniciadas na passagem de som. Sempre é bacana entender o posicionamento que o artista tem em relação a sua obra. Gosto dessa possibilidade e acredito que a obra fica mais completa quando entendemos o contexto.

Tonho Crocco iniciou em carreira solo depois do término das atividades da Ultramen. Conhecia a Ultramen nos idos de 93 e desde então me tornei fã. Sempre achei os discos legais e os shows muito foda. Eles conseguiam equilibrar um conteúdo bacana, uma porção de referencias legais com elementos pop ou de apelo popular, sem perder a essência musical. Com o passar dos anos a banda só melhorava. Estava num auge em termos musicais, os shows estavam cada vez melhores e por aí vai. Mas porque acabou???  Acabou, talvez pela falta de espaços para poder viver nesse mercado musical alternativo brasileiro. A dificuldade de conduzir uma banda com 10 à 15 cabeças trabalhando em torno para fazer com que a coisa toda funcionasse. A falta de predisposição da mídia para aceitar algo bom. E talvez mais uma série de coisas, identifiquei algumas que me parecem mais óbvias. Porque a defasagem cultural, esse delay na cabeça do público interfere muito e geram um sem numero de interpretações. As alternativas para quem quer fazer boa música acabam não sendo muitas,  mas o Tonho resolveu apostar numa carreira solo. E aos poucos vem impondo um outro ritmo de trabalho. Ele tem o domínio total do que quer e como quer chegar até as pessoas. Gerencia a sua banda e a sua música definindo caminhos conceituais. Um respeito a uma proposta sonora, mas principalmente um respeito ao público presente nos shows o que já admirava o seu trabalho com a Ultramen e passa admirar ainda mais.

O inicio da carreira se deu com a ida até os EUA e a gravação de um ep com a participação do Simon Katz (baixista do Jamiroquai e Gorillaz). Depois disso ele volta para o Brasil e começa a percorrer diversos lugares com uma nova formação de banda. Já tinha visto uma apresentação desse período e tudo parecia muito verdadeiro. Depois veio o vídeo da Gangue da Matriz que gerou uma repercussão muito interessante na mídia.

Com o disco novo, “O lado Brilhante da Lua”,  vem a proposta de se organizar e organizar ainda mais o seu contato com o publico, através de um site (http://www.tonhocrocco.com) com uma estrutura de distribuição do seu trabalho. No show ele diz, que tem vários formatos do seu trabalho. Quer comprar o cd, custa 10 reais. Tem o vinil também que custa 40 (preço ultra acessível, todos os vinis lançados saem com preço de 90 a 120 no mínimo). Se não quer nem um nem outro, tem o disco pra baixar pago, ou o download gratuito. É legal essa postura de se entender como artista independente e se posicionar como tal. Como ele mesmo brincou no show, faço MPB, música para baixar.

O disco. O Lado Brilhante da Lua.

São dez canções. As quatro que estavam no single, remixadas e remasterizadas. Mais seis “novas”. Ali é possível perceber diversas influencias musicais que já eram perceptíveis para quem acompanha a carreira do Tonho (Na Ultramen ou em outras bandas). Mas que aqui se apresentam de forma mais pontual. Tem dois sambas, uma lance mais funkeado num estilo samba rock, algo mais soul romântico no melhor estilo Tim Maia e por aí vai. Ele mesmo diz: Não tem rap nem reggae. E não sei se é de propósito, mas é legal essa diferenciação que se faz com o trabalho da Ultramen. É legal estabelecer uma nova proposta musical mesmo percebendo que muitas coisas aqui poderiam caber lá também. Também é legal perceber que é uma banda que mistura diversas vertentes musicais, mas que soa verdadeira quando executa um samba, mesmo não sendo uma banda de samba. A execução é diferente, a pegada e o balanço é outro. O disco é produzido por ele mesmo sob o pseudônimo de Momo King. Foi gravado e mixado no Brasil  e masterizado em Londres no Abbey Road Studios por Alex Wharton e Julio Porto.

No show as músicas crescem e abrem possibilidades para improvisações. Nesse show ele não conseguiu trazer junto os sopros. Gosto dessa coisa de ouvir o disco como ele é no disco, mas é legal perceber que a banda tem que adaptar, ou improvisar algo quando não consegue reproduzir ao vivo tudo o que esta no disco. A formação da banda é o Tonho nos vocais e guitarra + uma Baixista, um baterista e teclados. É legal ver o Tonho tocando guitarra. Ele tem um jeito bacana de tocar e o tempo de experiência musical proporciona um show coeso que começa com um certo pique, mas que vai crescendo na medida que ele vai executando o disco solo e intercalando com algumas músicas da Ultramen. Sim ele se proporciona reinterpretações de músicas que ele compôs na Ultramen. E “explica” isso para o público. A Ultramen acabou. Não brigamos, não nos desentendemos, continuamos amigos e o respeito ainda é mutuo. Toco nos shows as músicas que eu compus inteira (letra e música).

Outra coisa que é impressionante é o jeito como ele canta. Tono é um baita cantor e consegue fazer o que quer com a voz, seja nos momentos mais agressivos ou suave. A forma como ele consegue variar a voz e encaixar em diferentes propostas sem perder a característica.

A volta da Ultramen.

Já se cogita há um bom tempo a possibilidade de um show aqui e outro ali. A fala é sempre a mesma, cada integrante seguiu o seu rumo. Um esta aqui o outro acolá. Mas o certo é que vai rolar um crowdfunding, um financiamento coletivo para lançamento do DVD que foi gravado no ultimo show da banda. Ou seja eles vão sentir o poder da banda junto a público. Se rolar e se perceber o interesse do publico que já vem se manifestando via facebook etc pode rolar uma volta da Ultramen para fazer uma série de shows em 2013. Vamos apoiar meu povo e ficar na torcida.

Espaço Húmus – ARTE – Luz Instantânea: Polaroides de Andrei Tarkóvski no MASP

Entrevista: ARNALDO BAPTISTA (Janeiro de 2005)

Em 2005 fui pra Porto Alegre para ver o Arnaldo Baptista. Ele estava fora da mídia e fazia poucas aparições públicas. No anuncio do show dizia que ele estaria no evento, o que ele iria fazer não importava muito. A verdade é que o público foi muito nessa onda. O show foi aconteceu e durou cerca de dez, doze minutos. A resposta do público foi algo que até hoje esta gravado na minha memória. Algo que eu nunca vi acontecer com artista algum. Parecia que o público estava diante de uma divindade. Quem conhece música, sabe da importância musical do Arnaldo até entende esse tipo de reação. Depois disso várias coisas começaram acontecer em torno dele: Saiu o filme (Lóki), os Mutantes fizeram um volta triunfal com direito a gravação de cd ao vivo e turnê internacional, e nacional em que pude conferir duas apresentações sensacionais (Curitiba e Porto Alegre). E agora o Arnaldo está com essa nova faceta intitulado: Sarau o Benedito. Nessa proposta ele tem feito diversas apresentações num tom mais intimista, onde ele toca piano e canta.

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Os próximos dois shows acontecem em São Paulo no SESC Pompéia nos próximo fim de semana, dia 15 e 16.

Mais informações aqui:

http://www.arnaldobaptista.com.br/

http://www.sescsp.org.br/sesc/programa_new/mostra_detalhe.cfm?programacao_id=232876

Voltando ao ano de 2005. Na época tive o prazer de realizar uma espécie de entrevista com o Arnaldo. Num passeio descontraído pela Rua da Praia em Porto Alegre batemos um papo descontraído.  Aproveito a deixa e disponibilizo  a entrevista aqui.

Roberto Panarotto entrevista Arnaldo Baptista e Lucinha.

arnaldo baptista - rua da praia - Poa - 2005

Roberto Panarotto – Como é que tu sentiu a reação do público ontem no show?

Arnaldo Baptista – Eu fiquei assustado, porque eu não tenho muita experiência com o público aqui no Sul, né. Eu achei o público muito efusivo, ele se retrai muito, mas, na hora, exteriorizam. Num sentido assim generalizado, comparam o Rio de Janeiro com a Califórnia, São Paulo com Londres e Nova York e aqui comparam com a Escócia. O pessoal aqui já tem uma tradição e eu acho muito bonito.

Lucinha – Eu nunca tinha visto uma reação assim. Me lembrou um pouco Belo Horizonte.

Roberto Panarotto – A gente que acompanha a carreira e observa de longe muitas vezes não consegue ter uma real noção do que acontece…

Arnaldo – Ah, isso é verdade. O grau de efusividade no show foi grande e ver o cara aplaudindo e ver que o cara gosta de verdade. É difícil de colocar isso em pratos limpos.

Roberto Panarotto – Como é que foi pra ti estar lançando um disco novamente depois de tanto tempo?

Arnaldo Baptista – Pra mim foi uma espécie de recomeço da minha carreira, colocando o disco em banca de jornal e com um preço acessível. Então, eu estou tentando entrar nessa alternativa pra fugir da loja de disco com o preço caríssimo. Esse é um momento em que eu estou explorando isso do disco ser vendido em banca e barato.

Roberto Panarotto – Como é que foi a divulgação desse disco?

Arnaldo Baptista – Eu estou fazendo bastante coisa. Então, eu estou vendo um jeito de promover esse trabalho. E fazer o melhor que eu posso, né. As entrevistas em televisão tem que ser com pessoas que curtam o suficiente para entender e entrevistar sobre o trabalho.

Roberto Panarotto – E como tem sido a aceitação do público?

Arnaldo Baptista – Eu estava ansioso para ser julgado. Não adianta eu ficar falando que é assim que é assado, que eu prefiro Fender do que Gibson, se o pessoal não gosta daquilo que eu faço. Então tudo o que eu falo eu consegui botar em forma de música. Eu tenho a impressão que todo mundo tem uma música que está guardada dentro de si, e eu espero encontrar essa música e tocar. Vamos ver até onde eu alcanço.

Matéria completa aqui:

http://www.senhorf.com.br/agencia/main.jsp?codTexto=35


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