Olá. Estamos aqui para apresentar para vocês, uma recém formada banda de Chapecó que está dando o que falar. Isso porque em pouco tempo eles já estão com um ep gravado, videoclipe e um contrato assinado para lançamento de do primeiro disco e de um dvd ao vivo. Realizamos um bate papo com estes jovens inspirados que nos contaram um pouco da sua vida, como surgiu a banda e sobre a repercussão da banda nas redes sociais.
Primeiramente se apresentem.
Ramon – Eu sou o Ramon, é sempre difícil falar sobre a gente. Eu toco guitarra.
Clarice. Oi eu sou a Clarice, toco violão e canto. E gostaria de dizer que estou bem emocionada de estar respondendo a nossa primeira entrevista.
Zphr – Eu toco bateria tum tum tum pá!
Como surgiu a banda?
Ramon – É sempre difícil falar sobre isso…
Clarice – Na real, estamos falando de algo que aconteceu de forma muito espontânea…
Zphr – A gente foi dar uma volta e parou pra tomar sorvete.
Clarice – Estava passando um carro de som em formato de vitrine, e a música era muito ruim, sabe aquelas locuções de rádio AM?
Ramon – Uma imagem ruim, um som ruim, mas que causou uma sensação boa.
Zphr – Quando sentimos as mesmas coisas nos tornamos necessários uns aos outros.
Vocês já tinham tocado juntos?
Ramon – É sempre difícil falar sobre isso…
Zphr – Nunca nessa vida.
Clarice – A gente se conhecia de vista. Se via por aí… eu nem imaginava que eles tocavam…
E como vocês deram esse nome pra banda?
Ramon – É sempre difícil falar sobre isso…
Clarice – Na verdade o nome surgiu de uma piada interna. Um dia Zphr chegou dizendo que ia ficar cego e terminou dizendo que tudo dependia de um ponto de vista. Isso virou uma frase que repetíamos o tempo todo. Dai quando gravamos os primeiros ensaios precisávamos escrever algo em cima da fita e o Ramon disse: escreve olho. Parece meio idiota, mas acredito que todos os nomes de banda surgiram dessa forma.
Zéfiro – É pode ser isso… ou não… Na real tudo depende de um ponto de vista.
(Risos)
E as primeiras composições?
Ramon – É complicado falar sobre…
Clarice – Foi tão espontâneo quanto tudo o que aconteceu com a gente. Começamos ensaiar na casa de um amigo. E de forma natural as músicas foram surgindo. Eu tinha uma ideia de música, o Ramon puxou uma frase de guitarra e a gente foi juntando todas as peças. Em pouco tempo agente tinha duas músicas, mas não tinha letra.
Zphr – Eu nem sei tocar bateria.
Como vocês decidiram que não fariam letras e chamariam algumas outras pessoas para escrever…
Ramon – É… difícil entender essas escolhas…
Clarice – Já foi tudo escrito né. O mundo está cheio de palavras por todos os lados. Achamos que o texto acaba sendo arbitrário mas ao mesmo tempo necessário. Por isso buscamos a força dos poetas para nos auxiliar, para dizer de maneira escrita o que a gente estava sentido.
Zphr – Prefiro o olhar mudo de uma forma futurista em possibilidades estéticas. Não sei o que isso significa, tá escrito na contracapa desse livro…
E como vocês veem a política em tempos de grandes transformações mundial?
Ramon – É sempre… bom, deixa pra lá…
Clarice – A arte, pelo simples fato de ser arte, já é uma postura política. Num cenário em que ninguém se mexe pra fazer nada, só o fato de estarmos fazendo algo, acabamos exercendo esse olhar político. O que nos torna plural é o jeito que encaramos tudo isso. Não preciso citar nomes e muito menos olhar de um único lado.
Ramon – A política é uma merda.
Clarice – Godard dizia – “uma pequena minoria numa linha revolucionária correta, deixa de ser uma minoria”. Acreditamos que a arte tem esse poder. O poder de evidenciar as minorias fazendo com que elas se tornem expressivas.
Zphr – Sim… é bem isso… esse filme é muito foda.
Ramon – Godard é um velho ranzinza.
O que você ouvem?
Ramon – Ah essa eu… é fácil… não, peraí… putz… sempre é difícil escolher algo.
Clarice – Música francesa, Serge Gainsbourg…
Zphr – Eu ouço o som das coisas. Isso sempre me intriga…
Ramon – Eu vejo filmes… mas sempre acho complicado escolher um… as trilhas sonoras são legais.
Clarice – Pj Harvey, Jupiter Maçã, Os Mutantes…
Zphr – Mutantes é bem melhor que os Beatles…
Ramon – E os Beatles são melhores que os Roling Stones, sei bem onde isso vai parar… em lugar algum.
Clarice – Leonard Cohen, Julee Cruise
Ramon – Carcass.
E sobre a aceitação do trabalho de vocês. Como vocês veem isso, em tão pouco tempo de existência, a banda já tem um contrato com uma gravadora?
Ramon – É sempre difícil falar sobre isso…
Clarice – Foi sensacional. A gente não esperava. A gente nunca espera nada. Estamos mais preocupados em fazer algo.
Zphr – Eu esperava. Estou sempre esperando alguma coisa.
Além de música o que vocês gostam de fazer?
Ramon – Eu vejo filmes… mas não sei se deveria citar algum…
Clarice – Eu faço uns quadrinhos. Gosto muito de representar o dia a dia em paisagens com tinta guache.
Zphr – Eu ando de skate. E quando toco bateria é como se eu estivesse andando de skate. A sensação é a mesma.
Ramon – Eu também ando de skate, mas minha cena foi cortada do filme.
Que filme? Vocês vão lançar um filme?
Ramon – A nossa vida é um filme. Sempre tem alguém filmando, fotografando e nos observando de forma diferente. E eu acho bobagem essa história de que quando estamos perto da morte passa um filme na nossa cabeça. Vejo as pessoas dizendo isso, mas não acredito.
Clarice – Estréia dia 19 de março. Vão lá ver.
Zphr – Esse cheiro que vocês estão sentido não é meu, é do ralo.
Deixem uma mensagem final.
Ramon – Sempre desconfiem de tudo e toda vez que disserem pra vocês ir para um lado, faça o contrário.
Clarice – Beijos a todos.
Zphr – O Ramon é um velho ranzinza.
Obs: Ramon, Clarice e Zéfiro são três personagens criados por Roberto Panarotto pra o filme OJO, que conta a história de uma banda e os seus poucos respiros em momentos cotidianos importantes.