Arquivo para março \07\+00:00 2014

John Filme + o Escambau (Giovanni Caruso) – Rock no Carnaval

Em março de 2012 aconteceu o primeiro encontro da John filme com o Giovanni Caruso e o Escambau em Chapecó. O show na época, foi realizado no The Wall (fiz um texto, você confere aqui: https://acb2.wordpress.com/2012/03/27/john-filme-e-giovanni-caruso-no-the-wall/). Dois anos depois acontece o mesmo encontro, a mesma festa, num outro local da cidade: a Dinning que esta começando se abrir para realização de outros eventos, além das festas eletrônicas. O mentor do evento em questão é o Ferpa (Lê-se Fernando Paludo) que estava de aniversario há dois anos atrás, e agora está de novo.  A festa já havia sido anunciada desde janeiro, mas acabou que, o que poderia ser um ponto favorável para o rock, a festa acontecer nas vésperas do carnaval, se tornou um fator complicado, porque o evento acabou não tendo muito público.

Bastante gente é sinal de sucesso de um show/evento?

Não nesse caso, e muito menos para as duas bandas que tem em sua essência algo muito pulsante que é a paixão pelo que fazem e respeito com o público presente (independente da quantidade). E posso afirmar que os dois shows foram muito foda!!!

John Filme

A John Filme vem se fixando nesse cenário musical,  com uma formação cambiante, as vezes com e as vezes sem baixista. A sinergia entre o Akira e o Nando vem de muitos anos tocando junto (desde a infância para ser mais preciso). E fica fácil perceber isso no palco, pela descontração e espontaneidade com que a coisa toda acontece. A real é que ver show da John filme é sempre uma surpresa. Eles sempre pensam cada show de maneira única, e mesmo quando tocam “covers” tocam a sua maneira e dificilmente repetem as musicas no show. É um lance de estado de espírito, do tipo, vai ter show, estou ouvido isso, você aquilo, vamos tocar tal coisa. E o set list é feito a partir dessa premissa. Eventualmente contam com a participação do He-man (baixista e um dos produtores do disco da banda juntamente com o Panela), mas o fato de não tocar com um baixista fixo, facilita para que essas variações aconteçam. Conseqüentemente, sem o baixo, o show acaba ficando mais pesado e com uma pegada mais rock. Isso também proporciona outras formas de interação entre eles.  Brincando com isso de que os shows ficam mais pesados, banda tocou maquiada, estilo metal gótico, com direito a cara branca e olhos pintados de preto imitando o gato podre do jesus gótico (no melhor estilo Jesus Cleomar).

Já havia divulgado um vídeo do ensaio onde foram compostas duas musicas novas/eletrônica, para este show (possivelmente e provavelmente essas musicas não serão ouvidas em outra apresentação).  Brincando com a lógica de tocar na Dinning que é o palco da musica eletrônica de Chapecó, eles criaram duas musicas para fazer uma piada em cima disso. E mesmo brincando com essas possibilidades eletrônicas, acabaram criando duas musicas que poderiam estar num futuro disco da banda, porque elas são bem legais. As músicas aconteceram num esquema eletrônico da nova geração, com o i-phone colocado em cima do captador da guitarra, Akira ia proporcionando os momentos eletrônicos, hora com aspectos percussivos hora com frases pré-gravadas, barulhos e ruídos eletrônicos. Nando acompanhava na bateria deixando a experiência mais orgânica e visceral. Chamou atenção do público por não entender muito bem como a mecânica funcionava. Funcionou como provocação, mas deu uma dinâmica diferente para o show.

Os “covers” escolhidos, não tem uma lógica e muitas vezes eles executam musicas que só eles conhecem, mas ao meu ver o ponto alto do show acontece quando tocam as composições próprias, porque as pessoas já começaram a criar familiaridade com as músicas. Ali também eles se possibilitam o erro e outras formas de interação, no caso da música Batma, Nando faz um solo de tacape de plástico, que além de legal, ficou engraçado. Confere no vídeo a seguir.

Mercadologicamente essa dinâmica (de cada show ser diferente) é ruim, porque acaba que eles tocam poucas coisas do repertório mais conhecido e autoral.  Do ponto de vista de quem vê os shows com maior freqüência é sensacional, porque sempre pode-se ver a mesma banda fazendo coisas totalmente diferentes. Criativamente o show ganha, pelas brincadeiras e ironias musicais e isso é muito bacana.

Giovanni Caruso e o Escambau.

Pelo que eu entendi Giovanni Caruso e o Escambau vai se assumir como banda, utilizando somente a identificação “Escambau”. Giovanni Caruso sai do nome e passa ser um integrante.  São indícios de um novo momento da banda. A formação (guitarra, baixo, bateria e percussão/voz) se mantém fixa desde o segundo disco, trocando apenas o tecladista e para nova empreitada chamaram também um novo musico, Yan que faz as vezes de preencher os espaços musicais ao vivo hora no violão, hora fazendo vocais ou percussões. E isso se mostra cada vez mais necessário em função da forma com que as coisas vem acontecendo em torno da banda.

Se com primeiro disco o que se via ainda eram alguns resquícios dos Faichecleres, e mesmo assim exploravam possibilidades sonoras diferenciadas, no segundo disco isso começou a aparecer de maneira mais intensa apresentando novas facetas e nuances musicais. A promessa de um terceiro disco é “radicalizar” ainda mais.

Se no Faichecleres a pegada era mais rock and roll, puro direto e na veia, e com um discurso de entretenimento/adolescente/putaria, na continuidade dos trabalhos com o Escambau, Giovanni Caruso como compositor se mostra de maneira mais madura (sem ser chato) e abordando assuntos variados sempre de maneira mais poética e em alguns momentos com um discurso políticos.

O fato da banda se proporcionar uma inserção maior de ritmos e estilos no repertório, explorando um universo musical mais amplo sem medo de ser taxado disto ou daquilo, é que reside um dos grandes méritos do trabalho como um todo.  Mais do que isso eles conseguem equilibrar bem essa proposta no show fazendo com que tudo isso soe de maneira única no palco. Gosto muito da dinâmica de tocar com vários instrumentos, mas isso acaba sendo um pouco perigoso. O meio underground ainda é muito amador e mesmo muitas vezes tendo uma sonorização melhor, ele acaba sendo mais difícil de ser equalizado quando se tem na banda: violão, percussão, teclado, 4 vocais além do baixo guitarra e bateria. Mas de maneira muito orgânica eles vão equilibrando tudo isso e vão dentro da própria lógica de execução das musicas proporcionando essa imersão diferente para cada musica.

O show de Chapecó contou com um repertório de musicas dos dois primeiros discos e num dos bis tocaram uma música inédita que estará presente no próximo disco (ainda sem nome). Chapecó sempre recepciona bem o Giovanni (e a sua trupe), em contrapartida proporciona ao público algumas coisas que segundo ele, não acontece em outros lugares. O show terminou com uma porção de bis e o público (que provavelmente nunca viu um show) pode escutar algumas canções dos Faichecleres (Santa Rock and Roll, Metida Demais, Aninha Sem Tesão entre outras). Sobrou espaço para tocar Casalzinho Pegando Fogo do Júpiter Maçã, mas que fazia parte do repertório dos Faichecleres.

Ao microfone o Giovanni comentou que estavam nessa de  fazer um intervalo nas apresentações ao vivo e ficar um tempo sem tocar para daí pensar o show novo a partir do disco novo. Mas não resistiu a proposta de vir para Chapecó fazer a brincadeira no carnaval. O termino das gravações/mixagem do disco estão acontecendo, e o disco deve ser lançado em breve.


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