Arquivo para novembro \13\+00:00 2010

Muito texto. algumas fotos. nenhum vídeo.

Sai de Chapecó numa jornada para assistir dois shows. O primeiro deles em Porto Alegre no dia 07 de novembro. Data que ficará na memória por muitos e muitos anos. Talvez para sempre como o dia em que um Beatle esteve em Porto Alegre.

O segundo deles, não menos importante (pelo menos pra mim), ver o show do Belle and Sebastian em São Paulo no dia 10 de novembro no Via Funchal.

Pois bem descrevo em singelas linhas essa jornada nos textos abaixo.

Show Belle and Sebastian em São Paulo.

O que esperar de um show do Belle and Sebastian depois de ter os espasmos de memória ecoando na cabeça com o Paul em Porto Alegre? Tudo é muito surreal e muito recente. Difícil de se desvencilhar assim tão fácil. E confesso que nem estava muito animado com a idéia de ver o show do Belle and Sebastian depois do que eu vi no show do Paul. Mas tudo bem. Tinha me proporcionado isso e estava ali para curtir uma outra proposta.

Cheguei cedo no via Funchal e aos poucos fui constatando que o lugar e muito bacana. Não estava cheio (apesar do horário) e pude ficar alguns instantes conferindo a fauna e flora local. Pensei comigo. Que bom tudo aqui pode se transformar numa noite bacana. E foi o que aconteceu (com algumas exceções)

A flora

Tirando o fato de que o som não estava muito bom, o restante foi legal. Parece um comentário estúpido. Tu vai num show e começa falando: tirando o som o show foi ótimo. Mas é que nesse caso foram alguns problemas no som. Nada que comprometesse muito. Pesquisando na internete percebi que as pessoas sempre reclamam do som no via Funchal. Mas tudo bem, a presença sensacional da banda no palco fez com que isso não fosse um problema tão grave. No inicio incomoda um pouco, mas depois que tu se acostuma a coisa flui melhor.

A fauna.

É engraçado. Como eu cheguei mais cedo pude ir percebendo de perto essa movimentação indie que acontece. É tudo muito estranho e divertido. Tu fica observando e os gestos, comportamentos e vestimentas e tudo parece muito engraçado. Engraçado mesmo é quando começa o show e tu vê que o público é um reflexo da banda. E difícil saber quem veio antes, o publico nerd indie e com danças esquisitas ou a banda indie nerd e com danças esquisitas. Posso até afirmar que tudo isso sempre existiu, mas o Belle and Sebastian foi quem potencializou esse tipo de comportamento porque abriu espaço não somente para uma ótima musica, mas também para um modelo de comportamento e estilo.

o show.

O show foi tranqüilo. Se alguém me perguntasse para descrever o show eu diria: tranqüilo. Tranqüilo e despretensioso. Algo que vai acontecendo e quando tu vê esta totalmente imerso na capacidade que a banda tem de criar e reproduzir melodias bonitas. Um show bonito. Um palco simples e uma banda que parece um grande grupo de amigos nerds que se divertem fazendo o que gostam e sabem fazer. Uma excursão de colégio.

Todos na banda são legais (small faces) a sua maneira. Parecem tímidos não se mexem muito mas executam com perfeição o que se propõe a fazer.

Stuart Murdock aparece mais é muito mais do que um líder, ele é o maestro que organiza tudo e vai contagiando o público com sua simpatia impar. Ora quebrando os protocolos (protocolo???) hora dançando de um jeito estranho hora fazendo agrados com o publico como aconteceu nos momentos em que ele descia do palco e se aproximava das pessoas. Num determinado momento ele se dirigiu até a fronteira do México com os Estados Unidos e veio saudar os pobres mortais. De forma muito gentil e solidaria com os que pagaram menos para ver o show. Ele subiu no pequeno alambrado e cantou uma musica saudando o publico. Lógico que todos ficaram emocionados. O show deles é assim. Fui aos poucos contaminado. Achei que não me desvencilharia fácil do show do Paul mas por alguns instantes que duraram quase duas horas pude me divertir com uma show muito bacana. É diferente. São propostas diferentes. Enquanto o show do Paul é aquela coisa apoteótica gigantesca e incomensurável. O show do Belle and Sebastian é algo simples como um piquenique no parque.

O set list foi muito legal. Iam intercalando músicas do disco novo que confesso foi um dos fatores que me desanimaram um pouco quando eu estava ainda pensando em ver o show. Mas a excussão dos clássicos é sensacional. Aos poucos as musicas são inseridas uma a uma e o show vai adquirindo outra dimensão. Lógico que para uma banda que tem 9 discos (e diversos singles), sempre vai faltar muitas músicas preferidas num show de duas horas. Mas tudo bem. Foi legal e me diverti com o que eu vi.

Fauna 2

Depois que eu escrevi essa introdução comecei a olhar na internete e percebi que muitos críticos não gostaram do show. E os motivos são meio ridículos. Provavelmente são pessoas que no primeiro show da banda estavam lá fazendo os mesmos gestos, usando as mesmas roupas dando gritinhos histéricos e curtido o hype do momento. E hoje estão ali com ar blasé dizendo que a banda está velha. Tsc tsc…

Pra acabar… Cometários de um (quase) velho colono indo ver um show indie.

O lado ruim (sempre tem que ter) é fato de que muitas pessoas ficam conversando em vez de prestar atenção no show. Num show onde tudo é mais baixo e suave isso prejudica porque fica aquele povo ao redor que estão ali para conversar em vez de se divertir com o show. Deve ser síndrome de internete. As pessoas nunca se encontram pessoalmente só se comunicam pelo twitter, facebook e qualquer outra coisa que quando se encontram não sabem como reagir. Outro fator irritante são os gritinhos histéricos emanados a cada movimento que a banda faz no palco. É uma histeria descontrolada e sem sentido. Tudo bem a banda e legal e tudo mais. Mas não precisa ficar fazendo isso o tempo todo.

Confira algumas fotos aqui:

http://www.flickr.com/photos/wi_/page2/

Set List

01. “I Didn’t See It Coming”
02. “I’m a Cukoo”
03. “Step Into My Office, Baby”
04. “Another Sunny Day”
05. “I’m Not Living in the Real World”
06. “Piazza, New York Catcher”
07. “I Want the World to Stop”
08. “Lord Anthony”
09. “Sukie in the Graveyard”
10. “The Fox in the Snow”
11. “Travellin’ Light”
12. “If You’re Feeling Sinister”
13. “Write About Love”
14. “There’s Too Much Love”
15. “The Boy with the Arab Strap”
16. “If You Find Yourself Caught in Love”
17. “Simple Things”
18. “Sleep the Clock Around”

Bis

19. “Jonathan David/”Get Me Away from Here I’m Dying”
20. “Judy and the Dream of Horses”
21. “Me and the Major”

O que fazer num domingo de primavera fim de tarde em Porto Alegre?

Grande presença como diriam os gaúchos. O dia  amanheceu bonito com céu azul radiante e a possibilidade de ver um beatle em Porto Alegre há poucos instantes de se realizar.  É engraçado, mas Porto Alegre tem uma tradição roqueira muito intensa. E nesse sentido a presença de Sir Paul McCartney na cidade foi um marco do rock na historia da cidade. E algo que não tem muita explicação mesmo. Emoção a flor da pele e momentos extremos de expectativa. Emoção redobrada aos colorado que puderam ver o gigante da Beira Rio abrir suas portas para o maior dos maiores de todos os tempos. Era ele ali respirando o mesmo ar e compartilhando com o publico um pouco da sua genialidade musical de mais de 50 anos de carreira.

Fomos ate o estádio e  já eram quase seis horas. Demoramos para entrar e pudemos conferir o melhor de todos os fins de tarde no beira-rio. Emblemático no mínimo. A noite deu os primeiros sinais de que tudo aquilo poderia ser inesquecível. A lua* do gato da Alice supervisionava tudo de forma muito discreta numa noite que prometia muito mais do que fortes emoções num estádio que urge por grandes conquistas e que já presenciou tantas glórias. Uma aura positiva que paira sobre a cabeça das pessoas. Pisar no gramado do Beira Rio no é uma benção. Ver o Paul em Porto Alegre é algo que não tem explicação.

*A luz cinérea acontece poucos dias antes e depois da Lua Nova, quando a maior parte do hemisfério noturno da Lua está voltado para nós. Como a Terra reflete muito mais luz que a Lua acaba iluminando o satélite por reflexão. E embora essa luz seja muito mais fraca que a solar, a porção escura da Lua acaba se tornando visível por contraste. (fonte: http://www.zenite.nu/)

Vou listar em itens. Fica mais fácil de escrever e talvez mais fácil de entender tudo (ou quase tudo) o que aconteceu.

Sim meus caros amigos. Com vocês sir Paul McCartney!!!

Não e a toa que ele é quem é. Depois da morte de John, Paul entrou numa paranóia com segurança. Mas vê-lo saindo pela porta de frente do hotel sem se importar muito ou ficar fazendo pose e algo digno de sir Paul McCartney.

Veja o video aqui:  

http://www.youtube.com/user/paulmccartney

Sensacional é perceber que no meio da platéia teve uma menina que pedia para fazer uma tatuagem com o autografo dele. Ele mandou as duas garotas subir ao palco. Algo totalmente inédito (nas apresentaçãoe dele) e fora dos padrões. A menina em prantos recebeu a bênção dos deuses e foi contemplada. Mais uma vez o ufanismo gaúcho fez com que gerasse segundos de constrangimento quando uma das meninas disse que era de Florianópolis e foi vaiada. Paul olhou perplexo e disse o que esta acontecendo??? O que tem Florianópolis? Eu sou de Liverpool! Tentando contornar a situação. Nada que comprometesse muito.

Paul in português.

Muito respeito ao público e inúmeras frases em português. E que elegância, Paul McCartney fala tão bem em português. Muito melhor do que muita gente por aí. Muitos “obrigados”, “Mas bah tche!” e “tri legal”. Ele incorporou mesmo. Saiu ate um “valeu colorados”. Poucos entenderam e foi discreto mesmo, como deveria ser.

Ressaca dolorida.

Estou sem pernas, braços e costas. A idade acaba com o ser humano. E ver Paul com 68 anos fazer o que fez é vergonhoso para os meus 38 anos. Impressionante ver grandfather Paul fazer um show de três horas sem pedir água como ele mesmo falou numa entrevista recente. Vi ele na entrevista e fiquei pensando, nossa ele envelheceu super bem. Mas envelheceu. No show isso não parece. O que vemos é a vitalidade de um menino feliz se divertindo com o que faz. No palco ele cresce e vira um monstro. O melhor de todos. Com certeza o melhor.

Graforréia Xilarmônica

Pra mim a banda ideal pra abrir o show do Paul. Mas tudo bem. Fui com o Birck no show. Tenho uma versão do show do Paul gravada com backing do Marcelo Birck cantando tudo. No show encontrei o Alemão, batera de Grafo e encontrei o Carlo Pianta. Olha que ver o Carlo num show é difícil. Só o Paul mesmo pra tira-lo de casa. O Frank eu não vi, mas vi o filho dele o Erico junto com a mãe Dani. A ultima vez que eu tinha visto, ele era pequeno. Lembro do Frank dizendo que ele já sabia o nome de todos os Beatles e levava os CDs para ouvir na escolinha. Agora ele está ali, uma miniatura do Frank Jorge indo ver o Paul em Porto Alegre.  Momento bonito. E que pode ter certeza aconteceu com muitas famílias. É legal ver um show que possa contemplar uma aura tão positiva assim juntando várias gerações clamando pelo mesmo objetivo.

O fim do rock gaúcho.

O rock gaúcho estava presente. Se explodisse o estádio (explodiu de emoção), mas se explodisse literalmente acabava coma música gaucha. 100% dos músicos das bandas estavam lá. Quem é que ia se dar o luxo de perder isso. Momento único e solene.

Roberto Carlos.

Se é ou não é verdade, não interessa. Era boato e virou lenda. O fato de que Roberto Carlos estava lá conferindo tudo de perto. Possivelmente que sim. Talvez não. Provavelmente não. Mas vai saber…

Ponto negativo.

As filas desorganizadas. Estávamos literalmente num nowhere-fila. Algo sem organização alguma a fila de lugar algum não tinha inicio e não tinha fim. Surreal. As pessoas foram chegando e todo mundo sabia que estavam ali, mas não sabiam onde começava e onde terminava a fila. Quem chegou primeiro ninguém sabia. De onde eu vim e pra onde eu vou também não. E olha que isso era pergunta recorrente por quem passava e queria saber como entrar no estádio. E num espaço de tempo que durou horas tudo acabou se transformando num lapso temporal que ficamos estáticos no tempo. Tudo bem, no final deu tudo certo. Era dia de festa. Não tinha stress e nem cansaço que iria estragar a festa.

Ufanismo gaúcho

A síndrome de povo gaúcho superior que não é compartilhada por todos, fez com que um: “a!h eu sou gaúcho” ecoasse. Paul muito gentil fez questão de retribuir. Mas é bom deixar claro que eu não sou gaúcho e não me importei muito com isso. Mas sei de um monte de gaúchos que se envergonham disso. mas tudo bem. no show do Paul vale.

Ele tem o Paul pequeno.

Só pode. Fiquei pensando em tudo isso depois do show. Na verdade ainda estou perplexo. O cara é simplesmente um “Beatle”. E isso já diz tudo. Pensar no show e lembrar de Sir Paul McCartney no auge dos seus 68 anos fazer o que fez, não tem como explicar um ser tão abençoado e superior assim. Tudo na vida do cara é foda. E chegar com essa idade cantando desse jeito e tocando desse jeito. Algum problema ele tem que ter. Mau hálito ou vai ver que ele pinta o cabelo.

Sobre o show.

Não tenho o que dizer. Muita gente disse tudo. Vou colocar os links de alguns textos que eu achei legal.

http://www.oesquema.com.br/conector/2010/11/08/paul-em-poa.htm

http://collectorsroom.blogspot.com/2010/11/arrepiante-sim-com-letras-garrafais.html

fotos do show:

http://www.flickr.com/photos/jplages/with/5159281501/


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